Totus

quarta-feira, 23 de novembro de 2011

Compreensão versus Memorização versus Dedicação


Três elementos essenciais para que alguém consiga ser aprovado num concurso público são a compreensão e a memorização dos conteúdos estudados e a dedicação.

Tem gente que consegue compreender muito facilmente as coisas. São pessoas com raciocínio lógico aguçado. Elas recebem as informações e conseguem processá-las rapidamente. Outras pessoas, apesar de alguma dificuldade em compreender as coisas, conseguem memorizar com facilidade o que aprenderam. 

Quanto mais nos esforçamos para compreender, com mais facilidade conseguimos memorizar o que estudamos. Uma observação é que nem sempre vale a pena compreender. Principalmente nas disciplinas jurídicas, muitas regras são meras convenções. Ou seja, são o que são porque são. Não têm uma razão de ser. Por exemplo, não é possível compreender o porquê de um prazo ser de 15 dias e não de 20. É porque é. Embora eu entenda ser um absurdo as provas valorizarem as convenções, o fato é que boa parte do que cai em concursos públicos exige mais memorização que compreensão. Depende da banca, claro. Também nem todas as questões são deste tipo. Mas elas são em quantidade suficiente para fazer muita diferença nos resultados.

Recentemente, recebi um folder que propagava uma palestra sobre como preparar-se para concursos públicos. Não lembro bem as palavras exatas, mas dizia mais ou menos assim: “você acha que uma pessoa que passa seus dias estudando numa biblioteca vai ser aprovado em um concurso público? Claro que não!” Com todo respeito ao profissional que ministra tal palestra, eu não conheço uma pessoa que passe em concurso público sem dedicação. Há carreiras que, por estarem desvalorizadas, atraem concorrência pouco qualificada e, assim, a pessoa acaba passando por conta das experiências de vida e acadêmica. Entretanto, concursos de alto nível exigem preparação forte, mesmo daqueles que são muito inteligentes e têm excelente formação.

Na minha opinião, a melhor aproximação para medir a dedicação de alguém é a quantidade de horas de estudo. Não é um critério muito bom para comparar pessoas. Mas para distribuir o próprio tempo de estudo, por exemplo, funciona muito bem.

Como tenho procurado demonstrar nas minhas postagens, o grande desafio do concurseiro é otimizar o seu tempo de estudo. Com método, é possível melhorar muito o aproveitamento do tempo. Mas ainda assim, é preciso dedicar-se.

Até para dedicar-se é preciso ter estratégia. O concurso público, embora seja o processo mais republicano e democrático para o preenchimento de cargos públicos, é um tanto quanto desumano. Milhares de pessoas concorrem a poucas vagas. Então, sempre haverá meia dúzia de aprovados e milhares de reprovados. Muitas vezes quem entra nessa mundo fica desesperado e, na ansiedade por disputar as vagas, acaba ultrapassando os próprios limites, o que pode desencadear até mesmo distúrbios psicológicos.

Em outra postagem, já falei um pouco sobre os prazos na preparação. Aos que ainda não leram o texto, recomendo que o façam agora.
 
O gráfico abaixo ilustra a relação entre as variáveis dedicação e tempo na preparação para concursos públicos.
 
As duas curvas acima representam estratégias que, a depender do perfil de cada um, são eficientes. A curva C1 é ideal para aquelas pessoas que têm um pouco mais de dificuldade de compreensão, mas conseguem memorizar com facilidade. Note que elas precisam ser mais um pouco mais intensas no longo prazo. 

A curva C2 é mais indicada para aquelas pessoas que compreendem com muita facilidade, mas têm dificuldade de memorização. Por isso, o maior esforço no curto prazo. Na data da prova será mais fácil lembrar o que foi estudado no curto prazo.

Meu perfil se encaixa mais na curva C2. Não consigo me dedicar muito no longo prazo, embora sempre esteja estudando alguma coisa. À medida que a prova vai se aproximando, intensifico o meu estudo, até chegar ao nível de 9 ou 10 horas diárias. Normalmente tiro férias nesses períodos. Vale a pena. Dependendo do concurso, não descartaria nem mesmo a possibilidade de pedir licença sem remuneração. 

Quando fui aprovado para Analista de Controle Externo no TCU (atual Auditor Federal de Controle Externo) estudei 360 horas nas 5 semanas anteriores à prova. Distribuí o tempo de acordo com os critérios que tenho exposto neste blog.

Agora vou falar de estratégias que não são eficientes.  Veja o gráfico seguinte:
 
Observe que no caso da curva C1, o candidato começa os estudos com muito vigor, mas depois esmorece. Já no caso da curva C2, o candidato atinge seu ápice de dedicação ainda no médio prazo, diminuindo muito o ritmo no curto prazo. Na minha humilde opinião, nos dois casos, o candidato estaria cometendo um grande erro. Concurso público assemelha-se a competições esportivas. O competidor deve atingir seu ápice na data da prova. É esse o momento em que deve estar mais preparado. Uma semana antes ou uma semana depois não interessam.  

Agora vamos inserir no modelo as variáveis compreensão e memorização. No longo prazo é mais importante compreender o que se estuda. No curto prazo, entretanto, o candidato deve procurar memorizar os conteúdos já estudados. O curto prazo não é o momento ideal para aprender. É o momento ideal para revisar. E quanto mais próxima estiver a prova, mais deve-se buscar a memorização.  Os gráficos seguintes ilustram as duas estratégias mais recomendáveis e como devem ser distribuídos os esforços de memorização e compreensão. 
 


O meu maior objetivo aqui neste blog é provocar a sua reflexão para que você encontre o seu próprio método. Não espero que ninguém veja nas minhas dicas receitas de bolo, que devem ser seguidas à risca. Avalie tudo que você está lendo e aproveite o que achar relevante.

 

2 comentários:

  1. Guto, acabo de conhecer seu blog, estou me preparando para o concurso do senado, adaptei sua planilha de horas de estudo para o edital atual, suas idéias são muito valiosas e realmente a reflexão sobre elas leva a um melhor rendimento, parabéns.
    Adalberto

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  2. Meu caro amigo Guto, com toda humildade eu assino em baixo essa postagem. Quando eu passei para oficial da Polícia do Estado do Rio de Janeiro, eu usei um método parecido com o seu, em um ano eu tirei duas férias e me dediquei muito. Cheguei a atingir quase 19 horas de estudo em um dia. Concordo plenamente com suas dicas, uma dica muito boa também é (AULA - MATÉRIA - EXERCÍCIOS) tudo interligado, um sucedendo o outro, assim a memorização fica mais ampla, obrigado por tudo, abração!!!

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